A classe dominante não se importa com a democracia.
O humorista André Marinho, filho de Paulo Marinho, um dos maiores apoiadores de Bolsonaro nas eleições 2018, onde chegou a transformar sua casa em um QG da campanha presidencial, imitou o presidente Jair Bolsonaro melhor que o Marcelo Adnet. Mas a imitação é o menos relevante da reunião. Essa reunião revelou muitas coisas que são muito mais profundas que um bobo da corte tirando sarro de político, inclusive do ex-presidente Michel Temer.
A cena do regabofe foi na residência do investidor Naji Nahas, que ajudou a quebrar a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro em 1989. Todos sentados em volta da mesa são homens, brancos e ricos, logo uma fotografia do poder tradicional. São 18 pessoas, nenhuma mulher e nenhum negro.
Logo veio em minha mente uma teoria conspiratória de que em todos os anos os donos do mundo se reúnem em um jantar no qual eles decidem o rumo da humanidade. Como falei, uma teoria conspiratória, mas se eu fosse imaginar uma cena do jantar, seria a cena deste vídeo supracitado. O riso da elite tosca brasileira.
É um riso da miséria do brasileiro. Do brasileiro empobrecido, que mal consegue consegue comprar comida, que mal consegue pagar a conta de luz, que mal consegue pagar o combustível. E agora o brasileiro é obrigado graças a essas pessoas a amargar um governo de um genocida, porque essas pessoas não foram responsáveis de maneira direta ou indireta pra eleição do Bolsonaro, como são pessoas que o mantém no poder.
É só lembrar do Temer apaziguando o clima de tensão e caos no Brasil. Não são eles os afetados, não são eles que estão pagando a conta. Essas pessoas estão no jantar felizes, contentes e rindo com todo requinte do presidente do Brasil.
Eles podem rir de maneira despreocupada porque nada os atinge e vão continuar se perpetuando no poder. Mais do que as piadas e os risos, esse infeliz jantar retratou a profunda desigualdade do país e fica cada dia mais difícil imaginar a possibilidade de uma transformação.
Luciana Vitorino
Jornalista