O PSDB elegeu o governador de São Paulo, João Dória, como pré-candidato do partido à Presidência da República. O tucano obteve 53,99% dos votos, enquanto o governador gaúcho Eduardo Leite teve 44,66% dos votos. O resultado revelou o cenário de uma crise interna no PSDB, que se arrasta há um tempo. O partido perdeu a identidade que poderia ter tido antes e essa disputa apesar de ser vendida como “democrática”, revelou cissões profundas de rumos. Apesar de ter sido uma vitória clara para o Dória, não foi uma vitória acachapante e não deixou Eduardo Leite sem pé. O partido não tem clareza dos rumos que tem que seguir e é uma grande confusão ideológica, onde existem dois candidatos que se colocaram próximos ao Bolsonaro. A vitória do Dória, o estilo do parlamentar em fazer política, não tem viés articulador no sentido de agregar. A rusga permanece no PSDB. A entrada de Dória no tabuleiro mudou pouco o cenário. Hoje temos um candidato de aparência mais sólida, que seria o Lula e um segundo colocado, um sujeito à tempestades e trovoadas, um candidato ao derretimento, que seria Bolsonaro. Abaixo desses dois candidatos, um aglomerado de candidatos continuam batendo cabeça, e provavelmente não se entenderão. Um elemento novo cenário aconteceu dias atrás, a entrada de Sérgio Moro. Esse sim, pode representar uma mudança. O ex-ministro da Justiça entrou na disputa um pouco à frente dos demais e até ameaçando a terceira colocação que estava nas mão de Ciro Gomes. Alguns até ajustaram seus discursos e suas estratégias. Bolsonaro que antevê a possibilidade do Moro roubar eleitores conservadores que hoje não decidiram se saem do projeto do MITO. Ciro Gomes que estava centrando suas baterias no Lula pra tentar se apresentar como anti PT, também voltou as suas baterias a Sérgio Moro e João Dória, nova peça, também tem sua posição ameaçada pelo Moro, já que o ex-ministro está a frente do tucano nas pesquisas. O grande risco é de acontecer agora em 2022, na próxima sucessão, o que aconteceu em 2018. As pessoas foram ao segundo turno para não escolher o candidato preferido, mas aquele que eles queriam evitar na presidência. Quem queria evitar a volta do PT, votou no Bolsonaro. Quem queria evitar o Bolsonaro, votou no Haddad. Os eleitores elegeram um vitorioso, mas não um presidente capaz de unificar os brasileiros. O risco está de volta.
Luciana Vitorino
Jornalista